Em 2022, a remuneração das mulheres correspondia a 85,5% do valor pago aos homens, ficando abaixo da média masculina em 82% das principais áreas de atuação no Brasil – inclusive em setores onde elas são maioria.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a disparidade salarial entre os gêneros no Brasil permanece elevada: em apenas 18% das carreiras as mulheres recebiam o mesmo ou mais que os homens.
As estatísticas de 2022, coletadas pelo Cadastro Central de Empresas (Cempre), confirmam que, naquele ano, as mulheres ganharam, em média, 17% a menos que os homens, ou seja, sua remuneração equivalia a 85,5% do salário masculino. Somente nas entidades sem fins lucrativos as mulheres assalariadas receberam valores mais próximos aos dos homens.
Naquele ano, homens assalariados receberam, em média, R$ 3.791,58, enquanto as mulheres receberam R$ 3.241,18.
Segundo o levantamento, as mulheres receberam salários menores em empresas de 82% das principais áreas de atuação no Brasil. Isso significa que, das 357 áreas cujos dados estavam disponíveis para análise, as mulheres ganhavam salários médios iguais ou maiores que os dos homens em apenas 63.
Até em atividades com maior presença de mulheres, como saúde, educação, artes, cultura, esporte e recreação, as profissionais receberam pagamentos mais baixos do que os dos homens.
Os dados, porém, não fazem diferenciação por cargos, sendo possível que parte das disparidades salariais se deva a essa questão.
Diferença é menor no terceiro setor
Na administração pública – setor que melhor remunera os trabalhadores assalariados –, as mulheres receberam o equivalente a 79% do salário de um homem (R$ 4.659,99 contra R$ 5.898,68).
No setor de entidades empresariais, as profissionais receberam o equivalente a 77,6% dos salários dos homens, sendo este o setor com a remuneração mais baixa para trabalhadores assalariados (média de R$ 2.644,72 para mulheres e de R$ 3.407,87 para os homens).
Nas entidades sem fins lucrativos, as mulheres receberam o equivalente a 91,5% dos salários dos homens – média mensal de R$ 3.074,1, contra R$ 3.361,37.
Em nenhuma das naturezas jurídicas houve equiparação salarial ou salários mais altos para as trabalhadoras.
A força de trabalho assalariada no Brasil é composta por 54,7% de homens e 45,3% de mulheres.
Trabalho autônomo em alta
Em 2022, havia 9,4 milhões de empresas, que empregavam 66,3 milhões de pessoas, das quais somente 2,9 milhões contavam com mão de obra assalariada. As demais eram compostas apenas por proprietários e sócios.
O salário médio mensal foi de R$ 3.542,19, sendo que as atividades econômicas mais bem pagas estavam no setor de eletricidade e gás (R$ 8.312,01), seguidas por atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 8.039,19) e organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (R$ 6.851,77). Esses setores, porém, empregavam juntos apenas 1,3 milhão de pessoas, ou seja, 2,6% do total do país.
Os salários médios mensais mais baixos estavam nos setores de alojamento e alimentação (R$ 1.769,54), atividades administrativas e serviços complementares (R$ 2.108,28) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$ 2.389,15), que empregavam 7,6 milhões de trabalhadores (15,2% do total).
Pessoas com nível superior têm melhores salários
Entre os assalariados, 76,6% não tinham nível superior, contra 23,4% que possuíam essa formação. Os assalariados sem educação superior receberam, em média, R$ 2.441,16. Já aqueles com ensino superior ganharam, em média, quase três vezes mais (R$ 7.094,17).
As duas únicas atividades que apresentaram maior participação de pessoas com nível superior foram educação (64,3%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (60,6%). Os demais setores que mais empregaram pessoas com educação superior foram administração pública, defesa e seguridade social (47,4%).